Em uma entrevista realizada pela Revista da Qualidade de Portugal, Nuno Ponces de Carvalho, presidente da APOGEP – Associação Portuguesa de Gestão de Projetos comenta quais são as características principais do perfil de um gerente de projetos. A seguir alguns dos seus comentários.
Os clientes dos projetos cada vez mais vêm o gestor de projetos como a pessoa que faz as coisas acontecer. Por isso, ao longo da sua carreira, lhe são exigidos, além da competência técnica específica, sensibilidade pessoal e organizacional e uma forte orientação para os problemas de negócio. O gestor de projetos não é mais o especialista capaz de realizar o melhor produto ou de encontrar a melhor solução para um problema técnico. Do gestor de projeto espera-se, acima de tudo, que seja um líder, focado nos resultados e com um forte sentido de planejamento e controle. Espera-se também que seja um mentor dos elementos da equipe e o principal ponto de contato com o cliente, durante toda a execução do projeto.
Estudos realizados revelam que os requisitos mais referidos em anúncios para a função de gestor de projeto, têm a ver com aspectos que não dizem respeito àquilo que se considera tradicionalmente serem os conhecimentos específicos de gestão de projetos, mas que são, realmente, o que se deve esperar de um verdadeiro gestor e de um líder. Entre eles estão, em ordem de importância: espírito de equipe, liderança, habilidade para entender, pensamento analítico e comercial, negociador, iniciativa e entusiasmo, criatividade, flexibilidade e talento organizacional.
A avaliação da competência de um gestor de projetos é um processo complexo que não se limita à avaliação tradicional dos conhecimentos técnicos específicos da gestão de projetos, baseados num corpo de conhecimentos constituído por processos, métodos e técnicas. A avaliação da competência tem de abranger também uma análise formal da experiência profissional. Deve-se também, colocar atenção que estas dimensões evoluem ao longo da carreira do gestor de projetos, devendo-se dar cada vez mais ênfase aos componentes experiência e atitude.
Nuno Ponces Carvalho comenta que dentre os desafios da próxima década, seja por via das autoridades nacionais ou das internacionais, “nos próximos anos teremos muito provavelmente a certificação de empresas em gestão de projetos. Acredito que este possa ser um instrumento fundamental, até porque não basta dotar as empresas com gestores de projeto de qualidade. É necessário que as entidades empresariais criem estruturas e condições para que esses profissionais possam trabalhar com qualidade. Assim, devemos atuar sob dois vetores: verificar se os gestores de projeto são os adequados e estão devidamente certificados e garantir que as empresas criam a cultura da qualidade da gestão de projetos. Este será o grande desafio da próxima década para as empresas”.