Por Dayse Ribas
Atualmente, com tantas notícias sobre comportamentos duvidosos, valores altamente questionáveis, passeatas contra corrupção, operações “lava-jato”, debatemos constantemente “o que é certo ou o que é errado” ? Ou seja, o assunto Ética está presente nas nossas conversas diárias.
Mas o que é Ética ? Segundo Mario Sergio Cortella,
“Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: (1) quero?; (2) devo?; (3) posso?
Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve.”
O PMI elaborou um Código de Ética e Conduta Profissional que descreve as expectativas, expressa os ideais, bem como os comportamentos que são obrigatórios em nossas funções profissionais e voluntárias. Este Código também auxilia a tomar decisões mais sábias, particularmente em situações difíceis, em que há risco de comprometermos nossa integridade ou nossos valores. Para o PMI, os valores de: Responsabilidade, Respeito, Equidade e Honestidade são os que conduzem os profissionais.
O Código de Ética e Conduta Profissional aplica-se a:
- Todos os membros do PMI.
- Pessoas que não são membros do PMI, mas que se enquadram em um ou mais dos seguintes critérios:
- Não membros que possuem uma certificação do PMI;
Não membros que solicitam iniciar o processo de certificação do PMI;
Não membros que prestam serviço ao PMI como voluntários.
Por isso, é fundamental conhecermos, mas principalmente entendermos, como os valores do Agile se aplicam no Código de Ética e Conduta Profissional do PMI. Além de parte integrante das provas de certificação, também afeta diariamente nossa postura profissional e os projetos em que estamos envolvidos.
RESPONSABILIDADE
“Responsabilidade é nossa obrigação de assumir a propriedade pelas decisões que tomamos ou não, pelas ações realizadas ou não, e pelas consequências resultantes.”
- Manter a tomada de decisões baseada nos interesses da empresa, priorizando “Value-driven delivery” em vez dos interesses do time.
- Checar regularmente se a tomada de decisão dos times auto-gerenciáveis está alinhada com os interesses da empresa.
- Proteger informações proprietárias e direitos autorais. Mesmo com times atuando em ambientes distribuídos e em home-office, sem violar as políticas de proteção de dados das empresas.
- Reportar comportamentos anti-éticos ou possíveis violações. Tendo conhecimento de atitudes graves, pode não ser suficiente corrigi-las somente dentro do time, mas também informar ao RH ou escalar para superiores hierárquicos.
- Seguindo os valores de Respeito e Coragem do XP, Extreme Programming, precisamos ter respeito para fazer a coisa certa e coragem para relatar as atitudes que contradizem o comportamento ético.
- Não compartilhar informações sigilosas da empresa durante negociações com fornecedores ou em ambientes não seguros.
- Reportar o mais cedo possível o que será entregue E o que não será entregue para a empresa, ajudando na tomada de decisão.
- Evitar procrastinação, quanto antes conhecermos os problemas e tomarmos as decisões rapidamente, os custos serão muito menores do que deixar os problemas aumentarem de proporção e deixar rolar.
RESPEITO
“Respeito é o nosso dever de demonstrar uma elevada consideração por nós mesmos, por outras pessoas e pelos recursos confiados a nós. Os recursos a nós confiados podem ser pessoas, dinheiro, reputação, segurança de terceiros, recursos naturais ou ambientais. Um ambiente de respeito origina confiança, segurança e excelência de desempenho, estimulando a cooperação mútua – um ambiente onde perspectivas e visões diferentes são estimuladas e valorizadas.”
- Respeito às diferenças culturais como descrito no core do XP. Estas diferenças podem ser de globalização, de cultura ou de diversidade.
- Engajar os times porém respeitando as normas culturais dos envolvidos.
- Mantendo uma atitude de cooperação. O conceito do Kanban é comunicar e atuar colaborativamente, facilitando a atitude de cooperação mútua.
- Mantendo um equilíbrio entre os interesses do Negócio e Riscos Técnicos. Avaliar se o caminho técnico mais fácil é o que realmente interessa ao Negócio.
- Não usar sua posição para influenciar aos demais. Por exemplo, num time Agile, o Gerente de Projetos não tem poder de veto no sprint backlog. A pessoa no poder, seja Scrum Master ou Gerente de Projetos, são líderes servidores que atuam como facilitadores e não no papel de poder supremo.
- Negociar com boa fé, propiciando negociações e contratos de “ganha-ganha”, respeitando os valores do Manifesto Ágil de “Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos”.
- Lidar com os conflitos diretamente. Conflitos podem ser produtivos se nos ajudarem a criar melhores soluções mas pode ser devastadores se forem sem respeito. É o papel dos líderes servidores e do Scrum Master propiciar conflitos positivos.
- Criar um ambiente saudável para discussão e o debate é o core dos times auto-gerenciáveis.
EQUIDADE
“Equidade é o nosso dever de tomar decisões e agir de forma imparcial e objetiva. Nossa conduta deve ser isenta de interesse próprio, preconceito e favoritismo.”
- Sem discriminação, criando um ambiente seguro, que favorece a discussão e contra os perigos dos pré-conceitos.
- Segundo o Scrum, o papel do Scrum Master é um facilitador para criar um ambiente seguro para que todos possam contribuir positivamente e contra os riscos da discriminação.
- Não discriminar os colaboradores de times distribuídos ou em home-office, valorizando somente o time local. Reconhecimento pode ser realizado de diferentes maneiras.
- Não aceitar propina, nem em dinheiro e nem em presentes, percebendo as implicações existentes de quando se ganha um presente luxuoso, uma viagem de férias para família ou almoços em restaurantes sofisticados.
- Ficar atento ao conflito de interesses em contratos e negociações.
- Não usar sua posição para favorecimento pessoais ou do Negócio.
HONESTIDADE
“Honestidade é o nosso dever com verdade e com agir de maneira verdadeira tanto em nossas comunicações como em nossa conduta.”
- Entender a verdade, focando na transparência e compreendendo com clareza o que se espera, mesmo que não haja consenso ou concordância integral do time.
- Nos eventos de Agile, como reuniões de retrospectivas ou em entregas antecipadas, mostrar a verdade e esclarecer os desentendimentos para que as devidas ações possam ser tomadas.
- No Scrum, transparência é um dos valores básicos, significa reportar gráficos, versões, trabalho realizado com honestidade. Removendo qualquer área de sombra e pontos com falta de clareza da comunicação.
- Entregar o que o negócio e o cliente querem, “value-driven delivery”.
- Sendo honesto em todas as comunicações, tanto provendo informações completas para o time quanto nas negociações com fornecedores, vendedores ou terceiras-partes.
- Reportar com honestidade e transparência, o progresso do projeto, o andamento e riscos envolvidos, encorajando a comunicação aberta entre o time, cliente e demais envolvidos.
EDMF, você conhece ?
Para nos auxiliar nesses dilemas éticos, o PMI elaborou um documento complementar ao Código de Ética e de Conduta Profissional, chamado EDMF – Ethical Decision Making Framework.
Este documento foi desenvolvido tanto para o uso pelos membros do PMI como também por detentores de certificados do PMI.
Este documento sobre a Referência para Tomada de Decisão Ética do PMI (EDMF na sua sigla em inglês) descreve os passos que podem ser usados para guiar a tomada de decisão de um indivíduo na profissão de gerenciamento de projetos quando se depara com um dilema ético.
Referências:
https://www.pmi.org/About-Us/Ethics/Code-of-Ethics.aspx
PMI-ACP Exam Prep by Mike Griffiths
https://www.projectmanagement.com/articles/294701/Ethics–It-s-Your-Shield–Use-It-
Saiba mais sobre o nosso próximo webinar gratuito Desafios e Oportunidades ao Gerenciar Projetos Globais a realizar no dia 22-07-2015 e participe!
Sobre o Autor:
Dayse Ribas, PMI-ACP, PMP, CSM. Formada em Engenharia Eletrônica pela UTFPR, pós-graduada em Informática pela PUC-PR e MBA em Direção de Empresas pelo ISAD (Instituto Superior de Administração). Especialização Internacional em Managing in a Global Environment Program pela The University of Texas at Austin. Cursos em Gerenciamento de Projetos pela George Washington University. Voluntária do PMI – Chapter Paraná desde 2014, atualmente como Diretora de Marketing e Comunicação do Chapter. https://br.linkedin.com/in/dayseribas
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