Por Eduardo Tarazona
Quantas vezes nos deparamos com situações onde visualizamos claramente que uma ação mal realizada provavelmente irá trazer um resultado desastroso, “isso provavelmente não vai dar certo…”
Quantas vezes paramos para observar profissionais no desempenho de suas funções, e mesmo sem conhecer detalhadamente os procedimentos que devem seguir, conseguimos ver que os resultados poderiam ser diferentes se observassem um pouco mais seus processos, se tivessem maior consciência dos riscos e dos objetivos a serem atingidos.
Não são raras também as vezes que observamos procedimentos que não atendem a um determinado objetivo, e uma vez adaptados, modificados ou até improvisados, produzem resultados positivamente surpreendentes… “foram muito criativos na solução…”
Algumas destas situações estão no dia-a-dia de cada um, no caixa de um supermercado, no abastecimento do carro, na manutenção pública, na fila dos bancos, pois todas as atividades são regidas por Processos, até seu ambiente de trabalho!!!
No entanto, podemos dizer que o senso crítico exacerbado, muitas vezes, transpõe o bom senso ao avaliar processos que não nos dizem respeito e pessoas no desempenho de suas funções, e buscamos enxergar riscos que não foram observados, falhas ocasionais no andamento das atividades e a comprovação de consequências erráticas quase como um prêmio à nossa capacidade de ser crítico, dos outros… “não falei que não iria funcionar? …”
Apresenta-se aí uma linha tênue entre um coaching eficiente e uma boa dose de arrogância em pautar situações adversas, as quais não nos compete uma solução, pois expomos pessoas com suas habilidades e, muitas vezes, limitações.
“O respeito ao próximo e a humildade em reconhecer suas habilidades ou limitações, deveria ser tão inerente ao ser humano, quanto sua capacidade de criticar. ” EGT
Todavia, quando, o cenário de risco está sob a nossa responsabilidade, e a solução depende apenas de nossas ações, será que conseguimos, de fato, sair fora da caixa para enxergar todas as soluções possíveis e os processos que não estão atendendo à situação, de forma isenta e independente? Será que uma visão por vezes míope sobre cenários conturbados é um sintoma por estar dentro do processo ou é a causa de gerar situações de exposição ao risco?
Quantas vezes perdemos algo e após procurar em todos os lugares possíveis – mesmo – deixamos para lá? E em outro momento, ao buscar outra coisa, completamente diferente, encontramos aquilo que havíamos perdido anteriormente, e não nos conformamos, pois estava ali, na nossa frente!!!
Quase sempre…
Em minha trajetória, por muitas vezes altamente envolvido em minhas atribuições, reconheço que não consegui enxergar soluções ou criar alternativas para situações adversas. Aprendi, no entanto, que ao dar um passo para traz, subir um degrau, enfim “sair da caixa” colocamos o cérebro para funcionar de forma diferente, como quando mudamos frequentemente o trajeto que fazemos todos os dias. E isso também consiste em um processo, o de “fazer diferente” por um direito inalienável do ser humano: seu livre arbítrio.
Logo, processos equivocados podem ser uma consequência de se estar altamente envolvido na busca pela solução de um problema, mas também uma consequência por não exercitar a criatividade, não buscar o diferente, não sair fora da caixa e se deixar levar pelo lugar comum.
O aprendizado de novas técnicas, a busca por soluções alternativas e a frequência com que mudamos nosso caminho podem ser fundamentais para o sucesso naquilo que nos propusermos a realizar. Mas temos que ter a consciência de que o papel a ser desempenhado é o de fazer parte da solução e o diferencial, muitas vezes não está no especialista, mas naquele que pensa diferente.
Sobre o Autor
Eduardo Tarazona, MBA é consultor em gestão de projetos, processos, controles internos e compliance. Graduado em Economia pela Faculdade São Luís – SP e MBA em Gerenciamento de Projetos pela FIAP – SP, foi responsável pela condução de projetos voltados ao desenvolvimento de produtos, serviços e gestão de compliance para instituições financeiras e empresas de meios de pagamento nos últimos vinte anos. Atualmente, como consultor pela MASSI Consultoria e Treinamento, atua em projetos voltados a mapeamento de processos, identificação de riscos e de pontos de controle para auditoria e compliance.
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