Por Mauro Tonon
Garantir a competitividade de uma empresa é missão imprescindível para sua sustentabilidade e sobrevivência nos dias de hoje. Em tempos de crise os investimentos em novos projetos são ainda mais escassos e precisam ser muito mais assertivos nos resultados prometidos. No entanto, um dos grandes desafios é implantar uma Governança que garanta o correto investimento em projetos que são, de fato, os habilitadores da estratégia da companhia para aquele ciclo.
Uma Governança efetiva deve oferecer uma solução holística para a companhia, contemplando sua Missão, Visão, Valores, fatores ambientais e culturais, além de considerar sua capacidade produtiva para não onerar seus processos com artefatos que apenas burocratizam a empresa, especialmente organizações em processo de transformação ágil.
Uma proposta eficiente de governança para a correta priorização dos projetos de acordo com o seu alinhamento estratégico, deve iniciar com um plano de negócios (business case) bem estruturado, pautado em métricas mensuráveis de uma operação madura e bem controlada para oferecer critérios claros de avaliação do retorno sobre o investimento (ROI) que podem depois ser aferidos para comprovar a efetividade do investimento feito pela empresa no projeto. É impossível criar bons projetos ou garantir o seu alinhamento estratégico se a operação não é bem gerenciada, e nessa perspectiva devemos lembrar um conceito básico da administração que diz: o que não pode ser medido não pode ser gerenciado, e portanto, não tem como ser melhorado com novos projetos.
O grande desafio será garantir, nesse processo, o envolvimento adequado de todas as partes interessadas que participarão do desenvolvimento desses projetos e de todos os demais que estão submetendo os projetos que não serão aprovados, mas que serão envolvidos e apoiarão os outros projetos que serão priorizados. Em outras palavras, o maior desafio é sempre o fator humano e o seu engajamento em uma estratégia organizacional de maneira que ele entenda como o processo é feito e, com essa transparência, suporte a estratégia organizacional, mesmo se seus projetos forem declinados. O desafio é atingir o consenso entre os envolvidos para promover a priorização dos projetos, utilizando essa ferramenta de engenharia de valor.
Sabemos que, como parte da governança holística de uma organização, precisamos também, dar atenção para o gerenciamento do projeto após sua priorização. Esse desafio é amplificado quando estamos desenvolvendo os projetos em um ambiente híbrido (Agile x Waterfall).
Em cenários como esses a Governança deve ser adaptada para o período de transformação em que a empresa está passando, ainda que temporariamente, mas o importante é que a empresa não perca sua identidade e se sinta confiante e segura da transformação em curso.
Não podemos esquecer também que uma boa prática de governança é, após alguns meses de operação do projeto, fazer uma análise de seus resultados, contrastando-os com os prometidos no business case para confirmar os benefícios que de fato foram habilitados ao negócio.
É importante reforçar alguns pontos chave da governança para apoio a transformação ágil e o fortalecimento do PMO estratégico na organização, dentre eles que a governança deve estar focada no negócio, no atendimento das expectativas de suas partes interessadas e principalmente na entrega de valor para eles/elas. A governança não é o fim, mas sim o meio para que através de controles formais possa garantir maior transparência e confiabilidade a seus investidores, que somado aos resultados obtidos retroalimenta o processo com novos investimentos. A governança tem que ser customizada à realidade de cada organização e compilar os melhores conteúdos de diferentes frameworks de mercado. Ela sempre sofrerá evoluções incrementais e lentas.
Como conclusão, criar uma governança leve e flexível para o gerenciamento de projetos num ambiente de desenvolvimento híbrido pode ser a chave para o sucesso de um PMO, complementada com uma boa comunicação, gestão dos riscos e atendimento a todas as demais áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos.
Sobre o Autor
Mauro Tonon, PMP® é atualmente responsável pelo PMO, Governança de TI e Segurança da Informação na Mitsui Sumitomo Seguros. Professor de vários programas de pós-graduação e MBA em Gestão de Projetos e Governança pelo Brasil: FATEC, Fucapi, Unicamp. Palestrante pelo PMI e outros forúns corelatos. Com mais de 22 anos de experiência em TI, dedicou mais da metade desse período ao gerenciando de portfólio, programas e projetos nacionais e internacionais, ativando valor em diferentes indústrias e ramos de negócio, o que lhe trouxe experiência em ambientes híbridos e complexos. É voluntário pelo PMI-SP onde criou e implantou em 2013 o programa Webinars, que é responsável por gerenciar até hoje e que lhe rendeu o prêmio voluntário do ano pelo PMI São Paulo em 2013 e novamente em 2016.
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