Por Eneida Xavier
A maioria dos projetos tradicionais captura grande parte de suas lições no fim do projeto. A intenção por trás da captura dessas lições é permitir que a organização as aplique a projetos futuros com um domínio comercial ou técnico semelhante, ou a projetos com dinâmicas de equipe semelhantes.
A aplicação imediata das lições aprendidas é especialmente importante para projetos que mudam rapidamente e para projetos com altos graus de incerteza e risco, onde a permanência no curso pode ser fatal para o projeto se as circunstâncias mudarem. Os projetos Agile planejam atividades de melhoria contínua no plano como parte da metodologia. A abordagem ágil das lições aprendidas é deliberada e frequente e ajuda a garantir que a equipe considere regularmente a adaptação e a melhoria até ao ponto em que se torna habitual e parte da sua forma normal de trabalhar.
Autoavaliação da equipe
É prática padrão para equipes ágeis refletir sobre o quão bem eles estão fazendo e olhar para o que eles podem melhorar – e uma ferramenta que pode ser utilizada para este fim é uma auto-avaliação da equipe.
Um modelo de auto-avaliação de equipes de alto desempenho é oferecido por “Jean Tabaka”, este modelo investiga as seguintes áreas:
Auto-organização: A equipe se auto-organiza, em vez de funcionar em comando-e-controle, organização de cima para baixo?
Capacidade para tomar decisões: É a equipe autorizada a discutir, avaliar e tomar decisões, ao invés de ser ditada por uma autoridade externa?
Crença na visão e no sucesso: os membros da equipe entendem a visão e os objetivos do projeto e acreditam realmente que, como equipe, eles podem resolver qualquer problema para atingir esses objetivos?
Equipe comprometida: Os membros da equipe estão comprometidos em ter sucesso em equipe, ao invés de se comprometerem com o sucesso individual a qualquer custo?
Confiança uns nos outros: A equipe tem a confiança para trabalhar continuamente em melhorar sua capacidade de agir sem medo, raiva ou bullying?
Tomada de decisão participativa: A equipe está envolvida na tomada de decisões participativas, ao invés de se inclinar para tomar decisões autoritárias ou sucumbir às decisões dos outros?
Orientado pelo consenso: as decisões da equipe são orientadas pelo consenso, e não pelo líder? Os membros da equipe compartilham suas opiniões livremente e participam na decisão final?
Desacordo construtivo: a equipe é capaz de negociar através de uma variedade de alternativas e impactos em torno de uma decisão e criar a que oferece o melhor resultado?
Neste exemplo de um projeto fictício, quatro pessoas preencheram o questionário. A pontuação da equipe coletiva é mostrada no gráfico do radar esquerdo (indicando uma fraqueza no campo “Consensus Driven”) e as pontuações individuais são mostradas no diagrama de radar do lado direito. O código de cores sinaliza áreas como “Vermelho” para preocupação, “Amarelo” para aviso (“Confiança …” no exemplo) e “Verde” para o bem.
Autoavaliação de desempenho do Gerente de Projetos
Não somente a equipe de um projeto deve refletir sobre seu desempenho, mas também o gerente de projetos, dedicado em seu trabalho, e sem tempo para avaliar melhor o que acontece ao seu redor. É fundamental que ele separe um tempo para refletir e analisar como anda seu desempenho. Tendo isso em vista, estão listados a seguir alguns dos pontos imprescindíveis em um questionário de uma auto-avaliação de desempenho para gestores:
Novas Ideias: Que ideias tive e que resultaram em mudanças importantes na organização em que trabalho?
Evolução pessoal: Que hábitos pessoais pouco produtivos, consegui mudar?
Identificação de problemas: O gestor em questão sabe identificar e priorizar os problemas que atingem a sua equipe?
Tomada de decisões importantes: O gestor tem a capacidade de tomar e reavaliar decisões importantes e de situações de urgência?
Visão de cenário: É capaz de avaliar os problemas sob diferentes perspectivas?
Honestidade e integridade: A ética e o cumprimento de compromissos e acordos fazem parte da atuação deste gesto.
Transparência e comunicação: Seus valores e posições em relação às questões corporativas de relevância são claros para a empresa e suas equipes subordinadas?
Administração de conflitos: O gestor tem a capacidade de identificar e resolver conflitos em seus times?
Atuação e autodesenvolvimento: Qual o padrão de trabalho adotado pelo gestor e quais os níveis de sabedoria, atualização e experiência?
Capacidade de adaptação: O gestor age com flexibilidade e consegue se adaptar bem às mudanças propostas?
Construção de relacionamentos: A construção de alianças de relacionamento com clientes e parceiros é algo presente na atuação desse gestor?
Colaboração e trabalho em equipe: É capaz de trabalhar em equipe e ouvir opiniões e conselhos para resolver problemas empresariais?
Contribuição a equipe: Quais progressos as pessoas lideradas por mim obtiveram individualmente?
Capacidade de treinamento: O gestor tem a capacidade de passar adiante o seu conhecimento e treinar novos profissionais?
As autoavaliações são importantes para conduzir as pessoas na direção certa, possibilitando avaliar sua carreira profissional, traçar metas de crescimento, corrigir e aprender com os erros cometidos. Devem ser periódicas buscando acompanhar a evolução pessoal e profissional, assim contribuindo para melhorar a qualidade de vida no ambiente corporativo.
Mais informações em:
PMI–ACP Exam Prep, Second Edition, Chapter 7 – Continuous Improvement, Page 406.
https://leadinganswers.typepad.com/leading_answers/2008/02/collaboration-t.html
https://blog.convenia.com.br/avaliacao-de-desempenho-para-gestores/
Você poderá baixar para seu próprio uso:
Collaborative Team Assessment.xls
Sobre o Autor
Eneida Xavier Engelbreth. Arquiteta. Cursou MBA em Gestão de Projetos na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui Certificação Scrum Master pela Scrum Alliance. Consultora em Gestão de Projetos e Processos. Possui experiência como Gerente de Programa e Projetos de Tecnologia no ITAUBBA, Gerente de Projetos do PMO na CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, Gerente de Projetos em Consultoria para o PMO do Bradesco; Gestão da qualidade e Processos no PMO do CITIBANK. Docente de pós-graduação em Gerenciamento de projetos.
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